Fecilcam: uma história de luta política
Foi necessário que eu participasse efetivamente da política para entender que ela é a principal ferramenta para o avanço ou fracasso de uma sociedade. Por isso, hoje como deputado, não condeno quem não entende, mas procuro contribuir para que as pessoas tenham um mínimo de compreensão do quanto a política interfere na vida social e mesmo pessoal de cada um. O texto “O Analfabeto Político”, de Bertold Brecht, também é uma ótima contribuição para esse assunto.
Nesse sentido quero contribuir com algumas linhas para compartilhar um pouco da relação da política ao longo da história com a nossa faculdade, a Fecilcam, hoje prestes a ser oficializada como universidade estadual. Eu, que fui aluno e professor dessa instituição, ter hoje a oportunidade de participar politicamente desse momento histórico é uma particular realização. Assim como indubitavelmente a comunidade acadêmica regional, professores, ex-diretores e todos que de alguma forma contribuíram ao longo da história vislumbrando essa realidade têm hoje o que comemorar.
No lançamento da pedra fundamental do nosso futuro campus, um pouco desse resgate histórico foi feito pelo nosso deputado federal Rubens Bueno, que muito bem lembrou do falecido bispo Dom Elizeu Simões Mendes. Com uma visão futurista rara para a época (início da década de 70), ele foi um dos precursores do movimento envolvendo lideranças políticas, quando a cidade era administrada pelo prefeito Horácio Amaral. Nascia o sonho indelével do município ter uma faculdade, concretizado em 1972, com a inauguração da Fundação de Ensino Superior de Campo Mourão, fruto de incontáveis desafios no campo político.
Como os avanços da sociedade criam novas necessidades, a política como busca do bem comum torna-se uma batalha infindável. E assim, a década de 80 foi marcada por uma nova luta: tornar o ensino superior gratuito e convencer o governo do Estado a assumir a manutenção da faculdade, até então mantida por mensalidades e recursos municipais. Mais uma vez, entra em cena a ação política. O então deputado estadual, Rubens Bueno, propôs o projeto que autorizava o Estado a criar a faculdade, aprovado pela Assembleia Legislativa, mas vetado pelo então governador José Richa.
Já influente como deputado, Rubens Bueno conseguiu articular com os colegas, derrubar o veto do governador e com a assinatura do então governador João Elisio Ferraz de Campos (que assumiu o lugar de Richa), em 1987 era criada pelo Estado a Facilcam (Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão). Claro que tudo isso com apoio do então prefeito José Pochapski, que governou Campo Mourão de 1982 a 1988.
Mais tarde mudou-se o nome para Fecilcam, onde tive oportunidade de estudar, viajando de Roncador para Campo Mourão todas as noites. Naquele tempo não imaginava que se eu estudava sem pagar mensalidade, devia isso a ações políticas de quem nos representava. Com orgulho participei da formatura do curso de Administração. Mais tarde, também com muito orgulho, fui professor desse curso, na mesma Fecilcam. E aí, com o Tauillo Tezelli na prefeitura e o Rubens Bueno deputado federal, tivemos avanços importantíssimos, com novos cursos e construção de mais um bloco.
É por fazer parte de um fragmento da história da Fecilcam que desde que ingressei na política tenho lutado para dar mais um passo nessa jornada: torná-la universidade. Foi triste para todos nós quando o ex-governador Requião, ao atender o então diretor Rubens Sartori, referir-se à nossa faculdade com o termo “gambiarra”. Em outra ocasião, o secretário estadual de Educação, irmão do governador, perguntou se Fecilcam era nome de remédio. Por duas vezes nossa faculdade foi alvo de deboche de quem estava na política representando o atraso.
Por isso, é com emoção que como deputado participei do lançamento da pedra fundamental do campus da nossa futura universidade estadual. E como parlamentar, terei a honra de votar favorável a sua criação no Poder Legislativo. O atual governo demonstra sensibilidade à nossa causa desde o início do mandato, quando juntamente com a direção da instituição estivemos nas secretarias de governo articulando para que os recursos fossem garantidos. As obras prosseguem. A luta política também. Agora para que Campo Mourão seja a sede da reitoria.
Deputado estadual Douglas Fabricio, 3º vice-presidente da Assembleia Legislativa.