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outubro 6, 2011

Irregularidades no Porto causaram prejuízo de R$ 20 bi ao Paraná

A má administração do porto de Paranaguá durante os oito anos do governo passado causou um prejuízo de mais de R$ 20 bilhões aos produtores paranaenses. E o setor mais prejudicado foi o agronegócio. Só em 2005, o prejuízo chegou a R$ 2 bilhões.

Foi o que afirmou nesta quinta-feira (6) o economista Luiz Antonio Fayet, durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que está investigando irregularidades cometidas nos portos do Paraná.  

Fayet, que é membro do Conselho da Autoridade Portuária (CAP) de Paranaguá e consultor em logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), também apontou falhas graves em licitações para a dragagem do porto, queda na eficiência operacional, diminuição do volume de exportação, aumento na taxa de risco, além de falhas em contratos e desrespeito às leis ambientais brasileiras.

O economista citou ainda um suposto esquema de propina que funcionava em Paranaguá e afirmou que empresas que tentaram denunciar a prática acabaram sendo perseguidas. “Algumas até deixaram de operar porque as irregularidades não interessam a quem quer trabalhar de forma correta e sem surpresas”, garantiu.

Entre os desvios de cargas, Fayet falou sobre o desaparecimento de cerca de seis mil toneladas de soja que sobram anualmente da chamada reserva técnica. E de um guindaste chamado cabria, capaz de levantar uma carreta carregada. Ele afirmou que o porto paranaense, que já foi um dos mais importantes do país, está sucateado e perdendo espaço no mercado nacional e internacional.

“Enquanto Paranaguá embarca 1,2 mil toneladas de soja por hora, portos como o de Santos e os do nordeste se modernizaram a conseguem embarcar o dobro disso”, garantiu.

O economista disse ainda que a maioria das denúncias encaminhadas pelo CAP ao ministério público estadual e federal, aos tribunais de contas do estado e da união, ao ministério dos Transportes e até ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sequer foram investigadas.

E citou uma possível indústria das ações trabalhistas no porto, com a possível participação de integrantes da APPA.  “As irregularidades só continuaram porque não houve punição”, garantiu.

O presidente da CPI, deputado estadual Douglas Fabrício (PPS), adiantou que a comissão vai encaminhar ofícios aos órgãos fiscalizadores cobrando as medidas que foram adotadas após o recebimento das denúncias.

“A inércia e a falta de medidas legais contra os maus administradores contribuíram para o prejuízo enorme que o Paraná e o Brasil sofreram nos últimos anos. E estes órgãos fiscalizadores precisam explicar que medidas foram adotadas ou os motivos que impediram que elas fossem tomadas”, explicou.